domingo, 25 de setembro de 2011

Causas Mentais da Felicidade



A dificuldade de uma visão puramente materialista da vida é que, além de ignorar toda uma dimensão da mente, ela não lida efetivamente com os problemas desta vida. Uma mente materialista é uma mente instável, porque sua felicidade é construída com circunstâncias físicas transitórias. Doenças mentais afetam tanto ricos quanto pobres, o que é uma indicação clara das limitações dessa abordagem.
Embora seja essencial manter uma base material razoável para viver, a ênfase na vida de uma pessoa deve ser cultivar as causas mentais e espirituais da felicidade. A mente humana é muito poderosa e nossas necessidades mundanas não são tão grandes a ponto de exigirem toda nossa atenção, especialmente levando em conta que o sucesso material soluciona tão poucos dos muitos desafios e problemas com que homens e mulheres se defrontam durante suas vidas, e ele não será de nenhuma ajuda na morte.
Por outro lado, se uma pessoa cultivar qualidades espirituais como harmonia mental, humildade, desapego, paciência, amor, compaixão, sabedoria e assim por diante, então a pessoa fica equipada com uma força e inteligência capaz de lidar efetivamente com os problemas desta vida; e como a riqueza que ela está acumulando é mental em vez de material, não terá que ser deixada para trás com a morte. Não será preciso entrar no estado pós-morte de mãos vazias.XIV Dalai Lama (Tibete, 6 de julho de 1935 ~)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Violência e Adolescência: um olhar psicológico

É fato que a violência assume uma questão de grande preocupação nos dias atuais devido ao seu aumento significativo e o seu grau de intensidade. Nesse contexto, a questão demanda análises de forma profunda, considerando as várias dimensões envolvidas na problemática, como os aspectos psíquicos, relacionais, políticos e sociais.
Para Marty (2006), o conceito de violência constitui-se como o exercício do poder sem que se considere a relação com os outros ou algo. Na ocasião, nos interessa refletir acerca da violência na adolescência e questionar a relação existente entre atos violentos e essa faixa etária.
De acordo com Tavares (2011), a violência é construída mediante um processo de subjetivação da criminalidade, entendendo nesse sentido a subjetividade não como a essência desse sujeito, mas como um processo de composição cultural e social.
Esse processo reflete-se em vários aspectos sócio-culturais como as prisões que se configuram em um “sintoma” da criminalidade e não como uma “solução”, e nesse viés, podem ser entendidas como um instrumento de produção dessa subjetividade criminosa. (Young, 2003).
Foucault (1989) analisa a dimensão disciplinar mediante a instituição prisão e suas características cotidianas como as filas, o monitoramento constante, os atos repetitivos, dentre outros. Assim, a prisão, bem como o infrator, representa os resultados do poder disciplinador da sociedade e que, também, podem ser visualizados nas rotinas de trabalho e educacionais.
É importante considerar também a disseminação da idéia de risco enunciada nas políticas públicas amplamente. É difundido nas políticas de assistência social, segurança, saúde e educação, expressões ligadas a “situações de risco”.
O poder disciplinador enunciado por Foucault é verificado quando temos uma sociedade que vivência o “perigo” constantemente, como algo inevitável e incontrolável. Para Router (2007) o medo da criminalidade torna-se um instrumento de aumento da demanda punitiva que se produz com o advento das leis, da mídia e dos impactos subjetivos dessa divulgação.
O resultado dessas ações é a construção de uma sociedade do medo, que é elemento integrante de maioria das nossas atividades cotidianas e, nesse contexto, o medo torna-se um dispositivo importante no jogo de poder da sociedade contemporânea.

A VIOLÊNCIA E O ADOLESCENTE

Frequentemente relaciona-se a adolescência com atos violentos, porém sabemos que a violência não se restringe a essa faixa etária e, conforme discutido já nesse trabalho, é algo que se encontra arraigado na nossa cultura. De acordo com Marty (2006) é necessário entender que possuem dois tipos de violência: a “comum” e a de “expressão patológica”, sendo que esta última não se expressa na adolescência.
A adolescência constitui-se como um processo de “arrombamento” (Freud, 1923) em que esse sujeito vivencia conflitos íntimos muito intensos e de ameaça do eu. Esses intensos conflitos configuram-se como uma violência contra essa criança que se vê agora como um púbere, produzindo dessa forma, uma reação neurótica.
Esse processo de entrada na puberdade provoca reações conflituosas devido às modificações internas e externas que se processam rapidamente. Assim, quando falamos de violência na adolescência, é preciso nos remeter à idéia de que a própria constituição desse sujeito é algo violento. (Marty, 2006).
Nesse cenário, basicamente tudo o que acontece é uma reação violenta e um instrumento de ação dos adolescentes e seus pares que são ameaçados pela violência. Dessa forma, se, essencialmente, a atuação do adolescente é constituída pela violência, é necessário que este tenha a possibilidade de construir atitudes de ligação e continuidade da existência. Essa ligação representa sua trajetória desde a infância até o início da puberdade, que representa o marco da descontinuidade e impermanência.
Mediante a construção da compreensão de violência, e em especial, da sua manifestação na adolescência, o presente trabalho tem como objetivo trazer concepções acerca dessas dimensões e tecer reflexões sobre as medidas de proteção aos adolescentes, de forma que seja mantido sobretudo o respeito e a justiça.
Também serão discutidos os aspectos políticos-sociais das medidas de proteção ao passo que se percebe uma insuficiência das ações articuladas em rede para realmente promover ações efetivas de transformação social.


REFERÊNCIAS:


FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: história da violência nas prisões. Petrópolis:Vozes, 1989.
FOUCAULT, M. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau, 1996.
MARTY, François. O dispositivo da criminalidade e suas estratégias. Ágora (Rio de Janeiro) v. IX n. 1 jan/jun 2006 119-131
RAUTER, C. Clínica e estratégias de resistência: perspectivas para o trabalho do psicólogo em prisões. Psicologia e Sociedade, Florianópolis, v. 19, n. 2, p. 42-47,2007.
TAVARES, Gilead Marchezi. Adolescência, Violência e Sociedade.Fractal: Revista de Psicologia, v. 23 – n. 1, p. 123-136, Jan./Abr. 2011
YOUNG, J. A sociedade excludente. Rio de Janeiro: Revan, 2003

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Ser em Construção

Eu ainda vivo isso
Busco no escuro
O amparo para a luz

Eu ainda vivo isso
E penso na ilusão
Que não mostra a saída

Eu ainda vivo isso
Na vã filosofia
Que - em sua maioria
Não me mostra
A beleza do ser.

Cinara Aline

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

QUEM É O SEU AMANTE?


Jorge Bucay - Psicólogo


" Muitas pessoas tem um amante e outras gostariam de ter um.
Há também as que não tem, e as que tinham e perderam".
Geralmente,
são essas últimas que vem ao meu consultório,
para me contar que estão tristes
ou que apresentam sintomas típicos de insônia,
apatia, pessimismo, crises de choro, dores etc.
Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver
e que não sabem como ocupar seu tempo livre.
Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente perdendo a esperança.
Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme:
"Depressão",
além da inevitável receita do anti-depressivo do momento.
Assim, após escutá-las atentamente,
eu lhes digo que não precisam de nenhum anti-depressivo; digo-lhes que precisam de um AMANTE!!!
É impressionante ver a expressão dos olhos delas
ao receberem meu conselho.
Há as que pensam:
"Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa dessas"?!
Há também as que, chocadas e escandalizadas,
se despedem e não voltam nunca mais.
Aquelas, porém, que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico o seguinte:
"AMANTE" é aquilo que nos "apaixona",
é o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono,
é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir.
O nosso "AMANTE " é aquilo que nos mantém distraídos
em relação ao que acontece à nossa volta.
É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.
Às vezes encontramos o nosso "AMANTE" em nosso parceiro,
outras, em alguém que não é nosso parceiro,
mas que nos desperta as maiores
paixões e sensações incríveis.
Também podemos encontrá-lo
na pesquisa científica ou na literatura,
na música, na política,
no esporte, no trabalho,
na necessidade de transcender espiritualmente,
na boa mesa, no estudo
ou no prazer obsessivo do passatempo predileto....
Enfim,
é "alguém!" ou "algo"
que nos faz "namorar a vida"
e nos afasta do triste destino de
"ir levando"!..
E o que é "ir levando"?
Ir levando é ter medo de viver.
É o vigiar a forma como os outros vivem,
é o se deixar dominar pela pressão,
perambular por consultórios médicos,
tomar remédios multicoloridos,
afastar-se do que é gratificante,
observar decepcionado
cada ruga nova que o
espelho mostra,
é se aborrecer com o calor ou com o frio,
com a umidade,
com o sol ou com a chuva.
Ir levando
é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje,
fingindo se contentar com a incerta e frágil ilusão,
de que talvez possamos realizar algo amanhã*.
Por favor, não se contente com
"ir levando";
procure um amante,
seja também um amante e um protagonista
... DA SUA VIDA!



Acredite:
O trágico não é morrer,
afinal a morte tem boa memória,
e nunca se esqueceu de ninguém.
O trágico é desistir de viver...
Por isso, e sem mais delongas,
procure um amante ...
A psicologia após estudar muito sobre o tema,
descobriu algo transcendental:

"PARA ESTAR SATISFEITO, ATIVO
E SENTIR-SE JOVEM E FELIZ,
É PRECISO NAMORAR A VIDA".